criando um blog pra banda…

Agosto 20, 2009

(editando o primeiro post, descobri que ficou faltando a estrofe final do texto, e resolvi testar esse vizual cannabis sativa)

Tenho pena dos positivistas, que além de serem de extrema-direita, acreditam realmente que a vida anda em linha reta e a humanidade caminha em direção ao progresso pleno.
Porque a cada dia, mês ou período da vida que passa eu de repente me encontro cristalizado nas mesmas questões, dúvidas e lembranças de sempre.
Num ciclo que nunca termina, a cada dia me sinto mais esclarecido sobre o mundo em que vivo, sobre as ilusões que tentam me pregar a todos os instantes e das infinitas possibilidades que tenho de lutar contra tudo isso. E a cada etapa desse processo, paro e penso que tudo o que estou fazendo é de certa forma ilusão, está errado, não é o caminho certo. “Só entra em contradição quem está agindo de alguma maneira”. Mas chega um ponto que cansa ter tão claras todas essas contradições.

Alimentos organicos, tatuagens de flores. Bicicleta, um carro a menos, feita de alumínio. Comprar um liquidificador novo, ir pra manifestação. Fazer música anti-capitalista, gravar no computador, divulgar pelo myspace.

Às vezes penso onde tudo vai parar, e não quero que pare. Só quero destruir o capitalismo e colher umas frutas.

Estou em crise, junto com o capitalismo globalizado e a civilização. Aliás a culpa deve ser deles.

E o que fazer quando nos percebemos totalmente distante de coisas que eram tão maravilhosas? Novas coisas maravilhosas surgiram no lugar, mas isso é suficiente? Só fazemos parte do que desejamos, quando chegamos a fazer. O resto, é a vida que sonhamos. Será que uma vida é muito pouco? Não temos uma vida só, temos duas, ou várias.

E agora? Voltar pra trás?

Não creio que seja possível reviver a alegria e a ingenuidade daqueles dias. Se passou, foi porque quisemos e crescemos. Ou não?

O desejo mais absoluto nesse momento era calçar um tênis, e caminhar. Sair pelas ruas. Mas vou deixar para amanhã. Por hoje, continuarei revisitando o passado, cronologicamente, entendendo como me tornei o que sou hoje. E percebendo que certos registros, momentos e passagens eternizados, servem para compreender e sustentar o que somos hoje.

Para que não passemos o resto de nossas vidas idealizando uma certa primavera de nossos 15/16 anos.

Ah, prometi voltar a escrever. Por enquanto divulgo aqui um texto velho que eu adoro.

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Nessa noite sem silêncio
Se as cordas se recusam a vibrar,
Escrevo nas faixas do asfalto
Cada poesia que achar no caminho.

Em cada calçada as marcas da sorte
As luzes em cada esquina escondem.
De cada placa vou roubar letras
Pra montar os versos no ar, no nada.

Dessa noite vou rasgar tudo o que eu quero esquecer.
Estas ruas vão me dar tudo o que eu posso querer.

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